POEMA DE GRATIDÃO
Senhor, nós desejamos agradecer, agradecer tudo o que nos deste, tudo o que nos dás: o ar, o pão, a paz.
Gostaríamos de agradecer-te a beleza que vislumbramos nos painéis da natureza; agradecer-te a visão, a felicidade de poder enxergar com os olhos vemos a terra, vemos o céu, detemo-nos no mar.
Graças à misericórdia da visão, senhor, podemos contemplar o nosso amor.
No entanto, diante de nossa claridade visual, há os que não têm amanhecer, e se debatem nas trevas, sem hora matinal
Deixa-nos, por eles, orar.
Nós sabemos que, depois desta vida, na outra vida, eles também poderão enxergar.
Muito obrigado, senhor pelos ouvidos meus, ouvidos que me foram doados por Deus e que ouvem o tamborilar da chuva no telhado; a melodia do vento nos ramos do salgueiro;
As lágrimas que choram nos olhos do mundo inteiro;
A voz melancólica do boiadeiro
Ouvidos que escutam a melodia do povo que desce do morro, à praça, a cantar, as melodias dos imortais
Que ouvidas, não se esquecem jamais
Pela minha faculdade de ouvir. Deixa-me pelos surdos pedir
Eu sei que depois desta vida, na outra lida, eles também poderão ouvir
Muito obrigado pela minha voz e também pela voz que canta, pela voz que ama, que fala de ternura, pela voz que liberta o homem da amargura.
Obrigado pela voz da comunicação, pela voz que ensina, que ilumina, pela voz que nos dá consolação.
Mas diante de tanta melodia, recordo os que padecem de afasia, os que não podem cantar à noite nem falar de dia. Deixa-me, por eles orar, um dia também vão falar.
Obrigado pelas minhas mãos, mas também pelas mãos que amam, que lavram, que aram, que trabalham, que semeiam.
Pelas mãos que colhem, que recolhem, pelas mãos da caridade, da solidariedade, pelas mãos do amor.
Pelas mãos que cuidam as feridas, as misérias da vida. Pelas mãos que lavram leis, que firmam decretos, que escrevem poemas de amor, que escrevem cartas, livros, e pelas mãos da carícia.
Mas sobretudo, pelas mãos que no seio abrigam os filhos de corpo alheio.
E pelos pés que me levam a andar, obrigado, senhor porque posso caminhar. Diante do teu corpo perfeito deixa-me louvar, porque vida tenho na terra, olhando os que jazem no leito de dor, os paralíticos, aleijados, amputados, infelizes, marcados, desgraçados, deixa-me por eles orar, um dia bailarão na outra reencarnação.
Obrigado, senhor, pelo meu lar, meu doce cantinho, minha tapera, meu ninho, minha mansão, meu bangalô, meu palácio, meu lar de amor, meu amor.
Quem pode viver sem o amor?
Seja o amor de uma mulher, de pai ou mãe, de um irmão, de um amigo de um aperto de mão. Até, de um cão.
Quem suporta a solidão?
Mas se não tiver ninguém, nem um amigo, pra minha mão estreitar, nem uma cama para deitar, nem lar, deixa-me dizer-te senhor:
Que tenho a ti,
Que amo a vida,
Que é nobre, colorida,
Deixa-me dizer que creio em ti,
Dar graças porque nasci
Obrigado Senhor, pela crença, muito obrigado, Senhor.
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